quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Crítica: Serena


Título original: Serena
Direção: Susanne Bier


Cotação: 2/5


Antes mesmo de filmarem O Lado Bom da Vida, que os levou a Los Angeles e deu a Jennifer Lawrence seu primeiro Oscar de Melhor Atriz, a jovem atriz e Bradley Cooper protagonizaram Serena, longa de Susanne Bier, que só este ano conseguiu finalmente ser lançado, depois de uma novela digna de um roteiro de Hollywood.

Roteiro este que, tomo a coragem de dizer, provavelmente seria melhor que o do dito filme. De fato, é preciso apenas 30 minutos de projeção para que se entenda a resistência que Serena enfrentou (de estúdios, produtoras e até mesmo dos atores, segundo os boatos mais maldosos) para finalmente chegar às grandes telas. No centro da trama, Lawrence encarna a protagonista Serena Pemberton, esposa de George Pemberton (Cooper), uma jovem que enlouquece após descobrir-se estéril e decide matar o filho que seu marido teve com outra mulher.

O texto de Christopher Kyle, baseado num livro de Ron Rash, é raso e não se preocupa em estabelecer a personalidade dos protagonistas ou de reservar mais do que poucos minutos para destrinchar um acontecimento, o que torna o longa totalmente esquizofrênico, no pior sentido da palavra. A montagem contribui com esse sentimento ao sobrepor sequências uma por cima da outra apenas por “prazer”, sem qualquer razão de contribuir com a história. Devido a tudo isso – e nunca aos atores - , os personagens de Serena e George não transmitem empatia alguma e se torna impossível uma conexão com o filme.

Lawrence e Cooper extraem o que é possível dentro deste cenário, mas não escapam ilesos de caras e bocas desnecessárias e atuações apáticas durante a metade final da história. O caminho instavelmente psicológico que tanto quanto George quanto Serena assumem no último ato e que poderia ser a tábua de salvação da história termina por ser a última pá de areia no caixão, por não possuir solidez e apresentar-se como apenas um elemento de “choque” na trama.

A direção de Bier peca nos mesmos pontos. Inconstante, a diretora não consegue inserir ao filme uma personalidade ou até mesmo uma vida. As cores vivas e o belíssimo design de produção (numa remontagem de época quase impecável, há que se dizer) não dizem nada quando aparecem aliados a cenas mecânicas, personagens apáticos ou situações dramáticas que, em sua maioria, soam muito mais como uma grande comédia involuntária – um exemplo bem claro disto são as sequências finais, aparentemente carregadas com um maior peso dramático que, contudo, morreu antes mesmo de ser executado.

Assim, uma história aparentemente promissora, torna-se, ao final de 109 minutos, uma colcha de retalhos mal costurados e um desperdício do talento de dois jovens atores. Aparentemente, a razão estava com as muitas pessoas que lutaram para impedir Serena de ser lançado. 

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