Título original: Serena
Direção: Susanne Bier
Cotação: 2/5
Antes mesmo de filmarem O Lado Bom da Vida, que os levou a Los
Angeles e deu a Jennifer Lawrence seu primeiro Oscar de Melhor Atriz, a jovem
atriz e Bradley Cooper protagonizaram Serena,
longa de Susanne Bier, que só este ano conseguiu finalmente ser lançado, depois
de uma novela digna de um roteiro de Hollywood.
Roteiro este que, tomo a coragem de
dizer, provavelmente seria melhor que o do dito filme. De fato, é preciso
apenas 30 minutos de projeção para que se entenda a resistência que Serena
enfrentou (de estúdios, produtoras e até mesmo dos atores, segundo os boatos
mais maldosos) para finalmente chegar às grandes telas. No centro da trama,
Lawrence encarna a protagonista Serena Pemberton, esposa de George Pemberton
(Cooper), uma jovem que enlouquece após descobrir-se estéril e decide matar o
filho que seu marido teve com outra mulher.
O texto de Christopher Kyle, baseado
num livro de Ron Rash, é raso e não se preocupa em estabelecer a personalidade
dos protagonistas ou de reservar mais do que poucos minutos para destrinchar um
acontecimento, o que torna o longa totalmente esquizofrênico, no pior sentido
da palavra. A montagem contribui com esse sentimento ao sobrepor sequências uma
por cima da outra apenas por “prazer”, sem qualquer razão de contribuir com a
história. Devido a tudo isso – e nunca aos atores - , os personagens de Serena
e George não transmitem empatia alguma e se torna impossível uma conexão com o
filme.
Lawrence e Cooper extraem o que é possível
dentro deste cenário, mas não escapam ilesos de caras e bocas desnecessárias e
atuações apáticas durante a metade final da história. O caminho instavelmente
psicológico que tanto quanto George quanto Serena assumem no último ato e que
poderia ser a tábua de salvação da história termina por ser a última pá de
areia no caixão, por não possuir solidez e apresentar-se como apenas um
elemento de “choque” na trama.
A direção de Bier peca nos mesmos
pontos. Inconstante, a diretora não consegue inserir ao filme uma personalidade
ou até mesmo uma vida. As cores vivas e o belíssimo design de produção (numa
remontagem de época quase impecável, há que se dizer) não dizem nada quando
aparecem aliados a cenas mecânicas, personagens apáticos ou situações
dramáticas que, em sua maioria, soam muito mais como uma grande comédia
involuntária – um exemplo bem claro disto são as sequências finais,
aparentemente carregadas com um maior peso dramático que, contudo, morreu antes
mesmo de ser executado.
Assim, uma história aparentemente
promissora, torna-se, ao final de 109 minutos, uma colcha de retalhos mal costurados
e um desperdício do talento de dois jovens atores. Aparentemente, a razão
estava com as muitas pessoas que lutaram para impedir Serena de ser lançado.
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