domingo, 21 de agosto de 2011

Insensato Coração: A paciência foi uma virtude


Foi preciso paciência, muita paciência com Insensato Coração. A trama das 21hrs assinada por Gilberto Braga e Ricardo Linhares começou morna, quase fria e se distanciando um pouco do formato que vinha sendo usado no horário, contando uma história de maneira mais lenta e mantendo – inicialmente – poucos personagens no núcleo central. Tal mudança, a princípio, soou estranha e o resultado foi o estranhamento inicial do público e da crítica.

A maneira que Braga e Linhares escolheram para contar o “prólogo” de sua história não chamou atenção. Tudo isso só viria a fazer sentido quando mais ou menos 1/3 dos capítulos já tinham sido exibidos e, em uma virada de mesa, todos os núcleos se interligaram e a novela ganhou agilidade e, consequentemente, audiência. Um dos recursos que contribuíram para tal mudança de ritmo, mas que também não foi bem recebido por uma parcela do público, foi a maneira quase serializada de tratar alguns personagens, que entraram na novela com um número determinado de capítulos e saíram após cumprir sua missão. Lavinia Vlasak, Ana Beatriz Nogueira, Ricardo Pereira, Cristiana Oliveira e Fernanda Paes Leme são exemplos.

Tal mudança no modo de se começar a trama, contudo, também tem seus méritos e a excelente construção feita de Norma (Glória Pires), a verdadeira protagonista da história, é seu maior deles. Ela, que começou como uma auxiliar de enfermagem bobinha, foi alterando sua personalidade pouco a pouco e sua relação com Léo alcançou a maestria. O confronto direto entre os dois – com a vingança dela – demorou a acontecer, mas quando veio, veio com força total e nos deu cenas sensacionais e seguiu uma narratividade quase irretocável. Norma e Léo foram os donos da novela e responsáveis pelos seus grandes momentos.

Gabriel Braga Nunes não deixou a desejar e construiu seu Léo em nuances, com olhares pérfidos, trejeitos únicos e uma personalidade forte. Ao lado de Norma, foi o personagem mais completo da novela e, com ela, forma, sem dúvida, uma das melhores histórias dos últimos anos da televisão. O recorte dado a tramas sociais, como a homofobia, também foi outro ponto positivo e que merece destaque.

Coadjuvantes como Raul (Antônio Fagundes), Carol (Camila Pitanga), Natalie (Deborah Secco), Eunice (Deborah Evelyn), Tia Neném (Ana Lúcia Torre), Beto (Petrônio Gontijo), entre outros, também seguraram muito bem as tramas que lhe foram dadas. Em contrapartida, o casal principal, Pedro e Marina, não empolgou em nenhum momento e a maior culpa disso se encontra na muito mal desenvolvida história de amor entre os dois e na falta de química. Eriberto Leão foi pobre de atuação durante toda a história e sua inexpressividade esteve ainda mais presente, enquanto Paola Oliveira deu o máximo de si em uma personagem que ficou apagada durante quase todo o tempo e conseguindo poucas oportunidades de brilhar.

O uso do já batido recurso “quem matou” (presente em outras obras que trazem o nome de Braga, como Vale Tudo, Força de Um Desejo, Celebridade e Paraíso Tropical) foi jogado apenas para a semana final da história e isso foi outro acerto, já que perder Norma ou Léo antes disso poderia causar uma quebra brusca no ritmo da trama e comprometer a qualidade. Todo o último capítulo e a resolução do crime seguiram a mesma linha dos últimos meses da novela e não decepcionaram, estando no tom correto e fazendo total sentido. 

Insensato Coração sai de cena com uma média geral de audiência acima de Passione e Viver a Vida e, em qualidade, foi superior também a Caminho das Índias, sendo a melhor obra das 21hrs desde A Favorita. Resta a Fina Estampa manter – ou até mesmo elevar – os números e qualidade. Estamos todos torcendo para isso.

Um comentário:

  1. realmente... começou mto lenta... por isso, nao me cativouu. deixei de lado, simplesmente. voltei a assistir nos ultimos tres meses de novela... ai estava bem melhor. acho q os protagonistas nao conveceram... precisa de mais cenas de amor e carinho, de cumplicidade. otima critica!

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