É complicado falar sobre Breaking Dawn. Desde o momento em que foi anunciada a divisão do longa em duas partes, a grande preocupação que se viu difundida pelos fãs e pela crítica foi: Teria a história força (e trama) o suficiente para se sustentar por dois longas? Ao se assistir Breaking Dawn– Part 1, que chegou aos cinemas de todo o mundo no dia 18 de novembro de 2011 sob a direção de Bill Condon (Dreamgirls, Gods and Monsters), fica óbvio que não. O resultado da decisão é um roteiro fraco, raso e que por muitas vezes simplesmente some da tela para dar lugar a monólogos absolutamente desnecessários, como o momento onde Bella (Kristen Stewart) cozinha e come frango e as várias cenas de Jacob (Taylor Lautner) na floresta.
Condon definitivamente errou a mão e
não soube conduzir a trama que queria contar. Por diversas vezes, a impressão
que o filme passa é que as cenas foram todas jogadas uma por cima da outra, com
cortes abruptos, colagens mal feitas e uma sensação de esquizofrenia que não é
confortável. Até a sequência do casamento, isso é uma constante, sendo um pouco
amenizada depois, quando a verdadeira história deveria começar.
Deveria, porque não começa. São gastos
longos 30 minutos do filme com a lua de mel do casal principal e tudo o que
acontece são jogos de xadrez, banhos de cachoeira (particularmente a luz do
sol, vale acrescentar) e monólogos sobre a prática ou não de sexo. Os diálogos
são didáticos, enfadonhos e mais parecem ser ditos por garotos de quatro ou
cinco anos de idade. O uso de flashbacks (para
mostrar o passado de Edward) parece deslocado, assim como as exaustivas
explicações sobre o conceito de impriting.
Kristen
Stewart e Robert Pattison continuam
muito aquém do esperado, não conseguindo imprimir aos seus personagens qualquer
tipo de emoção ou empatia para com o público. Enquanto Kristen demonstra cada
vez mais sua inabilidade de expressar emoções, Pattison não consegue fugir ao
estereótipo que inseriu ao personagem nos outros filmes. Taylor Lautner é o único do trio de protagonistas que tenta salvar
o seu personagem do roteiro fraco ao qual estava destinado, sem sucesso, destacando-se
apenas em alguns poucos momentos e tirando a camisa nos primeiros 5 segundos do
longa.
Condon e Stephenie Meyer (que, além de fazer uma
ponta no filme, também é produtora do mesmo) tentam, com a história da gravidez
da Bella, dar ao filme um tom conservador, mostrando o sexo como algo que só
deve vir depois do casamento e o nascimento de uma criança – seja lá de qual
forma ela tenha sido gerada – como uma coisa sagrada, que não pode sofrer
interrupção alguma. A falha acontece não só pelo moralismo forçado, mas também pela
pouca empatia que Bella transmite ao público. É praticamente impossível se
importar com a personagem, com o seu destino ou com o bebê-monstro que ela
carrega dentro de seu ventre.
Ação é uma palavra que não existe no
vocabulário. São duas horas modorrentas, embaladas por discursos moralistas,
diálogos vazios e a tentativa de estender uma história que não tinha
necessidade alguma – além da comercial – disso. O momento em que o longa se
mostra mais próximo do aceitável é a cena pós-parto, quando mostra a
transformação interna de Bella em vampira.
Breaking
Dawn – Part 1 consegue o incrível feito de ser o pior dentre os filmes da saga exibidos
até agora. Falha em contar sua trama, falha na direção ruim, falha na edição
que mais parece uma colagem, falha no roteiro (ou na inexistência de um mesmo).
Seus únicos pontos positivos e que merecem destaque são a fotografia – que sempre
foi um bom acerto da saga, a bem da verdade – e a trilha sonora, que definitivamente
poderia ser melhor aproveitada. Os efeitos especiais são ótimos – o que não é
surpresa nenhuma, dado ao alto orçamento do longa -, mas se perdem em meio a
tantas falhas. E que venha a parte II.
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